É mais do que isso

sábado, 3 de outubro de 2009

"Não valia a pena confiar em nenhum outro ser humano. O que quer que fosse preciso para estabelecer essa confiança, não estava presente na humanidade."
"Não sou boa companhia, não gosto de conversar. Não quero trocar idéias - ou almas. Sou apenas um bloco de pedra para mim mesmo."
"Eu não tinha interesses. Eu não tinha interesse por nada. Não fazia a miníma idéia de como iria escapar. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo que me era inacessível. Talvez eu fosse retardado. Era possível. Freqüentemente me sentia inferior."
Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que beber é uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas.
(Charles Bukowski)
"Terminar sozinho
no túmulo de um quarto
sem cigarros
nem bebida —
careca como uma lâmpada,
barrigudo,
grisalho,
e feliz por ter
um quarto.

... de manhã
eles estão lá fora
ganhando dinheiro:
juízes, carpinteiros,
encanadores, médicos,
jornaleiros, guardas,
barbeiros, lavadores de carro,
dentistas, floristas,
garçonetes, cozinheiros,
motoristas de táxi...

e você se vira
para o lado esquerdo
pra pegar o sol
nas costas
e não
direto nos olhos."
"Tudo o que era mau atraía-me:
gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal.
Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil."
"É muito fácil parecer moderno

enquanto se é o maior idiota jamais nascido;

eu sei; eu joguei fora um material horrível

mas não tão horrível como o que leio nas revistas;

eu tenho uma honestidade interior nascida de putas e hospitais

que não me deixará fingir que sou

uma coisa que não sou -

o que seria um duplo fracasso: o fracasso de uma pessoa

na poesia

e o fracasso de uma pessoa

na vida.

e quando você falha na poesia

você erra a vida,

e quando você falha na vida

você nunca nasceu.

Não importa o nome que sua mãe lhe deu.

As arquibancadas estão cheias de mortos

aclamando um vencedor

esperando um número que os carregue de volta

para a vida,

mas não é tão fácil assim -

tal como no poema

se você está morto

você podia também ser enterrado

e jogar fora a máquina de escrever

e parar de se enganar com

poemas, cavalos, mulheres, a vida:

você está entulhando a saída - portanto saia logo

e desista das

poucas preciosas

páginas."

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