"Dispense namoradas, mas não dispense o amor, porque este estara sempre a postos., viver sem amor por uns tempos é normal, viver sem amor para sempre é azar ou incompetência, mas não pode ser uma escolha, nunca. Escolher não amar é suicídio simbólico, é não ter razão para existir, não me venha falar de amigos e familia e cachorros, essas compensações amorosas sofisticadas, mas diferentes, estou falando de homens e mulheres que não se conhecem até que um dia, uau.. acontece.Segunda uma história.., uma mulher ama profundamente, é amada profundamente, as duas dormem emboladas e se gostam de uma forma indecente, de tão certo que dá a relação, e de tão gostosa que são inclusive as brigas., tudo funciona como um relógio que ora atrasa, ora adianta, mas não para, um tiquetaque excitante que ela não divulga para as amigas, não espalha, adivinhe por quê: culpa.., morre de culpa desse amor que funciona, desse amor que é desacreditado em matérias de jornal e em pesquisas, desse amor que deram como morto e enterrado, mas que na casa dela vive cheio de gás e ameaça ser eterno., culpa, a pobre mulher sente, e mais: sente medo, nem sabe de quê, mas sente... medo de não merece-la, medo de perde-la, medo do dia seguinte, medo das estatisticas, medo dos exemplos das outras mulheres. A questão é.., enquanto eu continuo sendo uma criatura feliz e apaixonada, sou ao mesmo tempo infeliz e temorosa porque sinto aquilo que tanta gente busca e pouco encontra: o tal amor como se sonha."